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Uso de energias renováveis reforça posição favorável do Brasil na transição energética

Tema foi debatido na 5CNCTI por especialistas, que mostraram o aumento da importância, dos investimentos e da diversificação dessas matrizes energéticas

Publicado em 31 jul 2024.
Foto: Diogo Galba (Ascom/MCTI)

As energias renováveis têm colocado o Brasil numa posição estratégica no panorama internacional da transição energética, que vem sendo imposta pelo aquecimento global agravado pelo uso de combustíveis fósseis. O cenário foi evidenciado na 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI), em sessão realizada na terça-feira (30).  A mesa foi coordenada pelo professor Enio Pontes, da Universidade Federal do Ceará (UFC), com participação do coordenador-geral do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nivalde de Castro; do analista técnico Juliano Martins, da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica); e do professor Florival Carvalho, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), tendo como relatora a professora Suzana Kahn, diretora da Coppe/UFRJ.

Em todo o mundo, as atividades de produção e uso de energia respondem pela emissão de 72% dos gases de efeito estufa. No caso do Brasil, porém, a fonte das emissões está mais na agropecuária e uso da terra, que concentram 75% das emissões. O uso de energias renováveis no país, no entanto, já ultrapassou os 49,1% dentre o total de matrizes energéticas, com crescimento médio de 1,5% ao ano; em contraste com apenas 14,7% de média desta utilização no resto do mundo; conforme dados da Agência Internacional de Energia (AIE) e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Na abertura da mesa, Enio Pontes destacou o aproveitamento desses recursos naturais, como o vento, o sol, a água, resíduos de biomassas, energia das marés, energia geotérmica e fusão nuclear, chamando também a atenção para a adoção do hidrogênio verde como uma estratégia vital para a descarbonização e segurança energética do Brasil.

Nivalde de Castro, por sua vez, ressaltou a transformação econômica e social que deriva dessa transição energética, que é motivada pelo desafio ambiental de descarbonizar todas as cadeias produtivas de bens, serviços e padrões de consumo. Junto com a descarbonização, ele observa uma tendência à eletrificação, pautada nos recursos renováveis. Além das fontes citadas, o coordenador do Gesel/UFRJ, também defendeu o uso das hidrelétricas reversíveis, que são modalidades de usinas que reaproveitam a água, reduzindo seu impacto ambiental.

Atuando na Diretoria de Novos Negócios da ABEEólica, Juliano Martins, disse que a Associação também inseriu em seu foco de interesse o hidrogênio verde, o sistema de armazenamento em bateria de lítio, a energia eólica offshore e o mercado regulador de carbono. O analista técnico destacou o papel crescente do uso dos ventos na matriz energética brasileira, que hoje representa a segunda fonte de energia mais usada, além de ser limpa, renovável e 80% nacionalizada. A ABEEólica fez um estudo do impacto econômico do uso da energia, revelando que cada R$ 1  investido na matriz eólica representa um retorno de R$ 3 para o PIB brasileiro.

Coordenador do Laboratório de Combustíveis da UFPE, Florival Carvalho reforçou que, no panorama internacional das emissões, o Brasil se encontra em uma posição favorável em relação à energias renováveis. Dados da EPE (2021), mostram que o número de emissões de CO2 por pessoa, do país é de 2,1 toneladas por habitante, enquanto os EUA chegam a 13,8 toneladas e a China a 7,5. Tendo o país aumentado em 10% o uso das energias renováveis nos últimos 10 anos, o professor também enfatiza as condições desenvolvidas pelo país para produzir combustíveis a partir de biomassas, com possibilidades de gerar etanol, biodiesel, diesel verde e SAF (combustível sustentável de aviação), além de já ter a fonte eólica mais competitiva que os combustíveis fósseis.

Em sua conclusão, a diretora da Coppe/UFRJ, Suzana Kahn, frisou a recomendação reforçada pelos demais palestrantes, de que o Brasil reforce suas instituições de planejamento energético e promova a integração entre as diversas matrizes energéticas. A professora também observou a importância das decisões sempre serem marcadas pela transparência, pois além da meta da descarbonização as definições de políticas repercutem na dinâmica de investimentos do setor de energia.

5CNCTI- Realizada pelo MCTI e organizada pelo CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos), organização social supervisionada pelo ministério, a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação tem como principal objetivo discutir com a sociedade as necessidades na área de CT&I e propor recomendações para a elaboração de uma nova Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) até 2030. A 5ª Conferência conta com o patrocínio Master do Banco do Brasil e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), patrocínio Ouro da Positivo e WideLabs, e patrocínio Prata da Caixa Econômica Federal e Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).

Assista à integra desta sessão da 5CNCTI: https://www.youtube.com/watch?v=mBYlRmj8eE4

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