Especialistas defendem criação de uma política de fomento de startups baseadas em tecnologias complexas
Conhecidas como deep techs, as startups que atuam em tecnologias complexas com base científica foram tema de debate no primeiro dia da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação
Consideradas como peças-chaves no desenvolvimento industrial e tecnológico no Brasil, as deep techs, startups baseadas em tecnologias complexas com base científica, foram pauta de discussão no primeiro dia da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI). A mesa, coordenada pelo chefe de gabinete da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Fernando Peregrino, teve participação do vice-presidente do Web Summit e country manager do Brasil e de Portugal, Artur Pereira, do CEO da brain4care, Plinio Targa, e da co-fundadora e diretora executiva da Celluris, Patricia Rozenchan.
A atividade discutiu as possibilidades de fomento e crescimento das deep techs. Apoiadas por patentes, no Brasil elas atuam principalmente para solucionar problemas em torno dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, das Nações Unidas, como o tratamento de doenças, o desenvolvimento industrial e o bem-estar.
Na abertura da mesa, Peregrino apresentou um documento com diretrizes para a construção de uma Estratégia Nacional de Apoio a Startups Deep Techs e seus ecossistemas no Brasil. A proposta foi construída com a contribuição de 15 instituições de ciência, tecnologia e inovação, e indica, entre outras sugestões, a criação de um conselho tripartite que proponha, coordene e integre ações dos agentes em apoio às deep techs.
Para Peregrino, a criação do Conselho é algo que precisa ser feito dentro de pouco tempo. “A tecnologia é muito rápida, a gente tem que acompanhar isso e eu creio que vamos sensibilizar as instituições, pois há um clima de favorecimento. A nova indústria nos chamou para discutir este tema, isso é um sinal de quem quer uma proposta. E a proposta para nós é criar um conselho que traga todos os órgãos para dentro e discuta uma política integrada. E tem que ser rápido, algo em torno de dois anos”, pontuou.
O vice-presidente do Web Summit, Artur Pereira, trouxe para a discussão a realidade de Portugal e defendeu o fortalecimento da união entre universidades e o setor empresarial como uma alternativa para a criação de soluções que atendam diretamente a sociedade e ganhem atração a nível dos investidores. “Criar uma simbiose entre as universidades e o setor empresarial é fundamental não só para o futuro das deep techs, mas para todo o ecossistema e para o desenvolvimento de novas tecnologias e da resolução de problemas que as empresas não conseguem solucionar por falta de talentos, tempo e outras questões”, ressaltou.
Realizada pelo MCTI e organizada pelo CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos), organização social supervisionada pelo ministério, a Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação tem como principal objetivo discutir com a sociedade as necessidades na área de CT&I e propor recomendações para a elaboração de uma nova Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) até 2030. A 5ª Conferência conta com o patrocínio Master do Banco do Brasil e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), patrocínio Ouro da Positivo e WideLabs, e patrocínio Prata da Caixa Econômica Federal e Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).
Inovação – Durante a mesa, as startups brasileiras brain4care e Celluris apresentaram produtos inovadores construídos pelas empresas e destacaram como as ferramentas têm sido aplicadas para beneficiar a sociedade.
O CEO da brain4care, Plinio Targa, apresentou uma tecnologia de monitorização não invasiva da pressão e complacência intracraniana. Já a co-fundadora e diretora executiva da Celluris, Patricia Rozenchan, demonstrou um receptor que desenvolve tratamento personalizado para pacientes oncológicos através da imunoterapia por CAR-T.
Para ambos, a estratégia de criar uma política pública focada no estímulo às deep techs é o caminho para incorporar a inovação no Estado e beneficiar a sociedade de forma ampla e eficaz. “Se não tiver uma orquestração, uma governança para dar o devido apoio e o desenvolvimento necessário para as deep techs a gente não vai conseguir dar concretude às demandas”, destacou Plínio. “Temos também que pensar no acesso ao capital, mas que ele seja adaptado aos diferentes estágios de vida da startup. Uma das barreiras das deep techs é a entrada ao mercado, e pensar numa política pública que pense em compras públicas ou encomendas tecnológicas para atender ao mercado é uma proposta fundamental”, afirmou Patrícia.
Confira mais detalhes sobre a mesa “As Startups Brasileiras: Financiamento e Crescimento” no canal do MCTI no Youtube.