Voltar

Transição demográfica do Brasil gera demandas para o setor de CT&I

Em debate, especialistas apontam áreas prioritárias que devem receber iniciativas de ciência e tecnologia para enfrentar desafio do envelhecimento populacional do País

Publicado em 30 jul 2024.
Foto: Rodrigo Cabral (Ascom/MCTI)

“A transição demográfica do Brasil e as novas demandas para o setor de ciência, tecnologia e inovação (CT&I)” foi o tema de uma das mesas na 5ª Conferência Nacional de Cinênica, Tecnologia e Inovação (5CNCTI). No debate, os especialistas apontaram iniciativas e setores prioritários que deverão contar com políticas públicas para enfrentar o desafio do envelhecimento da população do País.

“No contexto brasileiro, a transição é mais acelerada e condensada no tempo, com um crescimento populacional muito maior historicamente que em países europeus”, mostrou a cientista Marcia Castro, professora de Harvard. Segundo ela, a projeção das Nações Unidas é a de que, em 2043, o Brasil passará a ter mais mortes que nascimentos; e a população começará a reduzir de tamanho.

Durante apresentação sobre o processo de transição demográfica no País desde a década de 1950, Marcia Castro destacou a redução progressiva da população jovem brasileira e o crescimento do grupo com mais de 65 anos. “A base de todo o nosso debate é como essa transição demográfica e mudanças nesses grupos etários geram reflexões sobre demandas em ciência, tecnologia e inovação”, frisou a cientista. Ela ressaltou os cinco setores que considera mais relevantes: saúde, espaço urbano, mercado de trabalho e assistência social.

Para o diretor de Pesquisa Sociais da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Wilson Fusco, no contexto de envelhecimento populacional brasileiro, as políticas públicas mais emergentes devem estar voltadas aos setores de saúde, educação e qualificação profissional para promover a retenção de talentos e evitar a “fuga de cérebros” do País.

No setor de saúde, Wilson Fusco apontou a relevância da ciência, tecnologia e inovação em áreas como biotecnologia, expansão da telemedicina, tecnologias assistivas e gerontologia para melhorar a qualidade de vida e o combate a doenças crônicas e degenerativas da população em processo de envelhecimento.

Realizada pelo MCTI e organizada pelo CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos), organização social supervisionada pelo ministério, a Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação tem como principal objetivo discutir com a sociedade as necessidades na área de CT&I e propor recomendações para a elaboração de uma nova Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) até 2030. A 5ª Conferência conta com o patrocínio Master do Banco do Brasil e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), patrocínio Ouro da Positivo e WideLabs, e patrocínio Prata da Caixa Econômica Federal e Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).

Complexidade

“No Brasil, o processo de transição demográfica é marcado por uma expressiva velocidade no contexto de uma sociedade fortemente heterogênea do ponto de vista econômico, social e regional, o que implica na complexidade desse processo, inclusive no que se refere a demandas de CT&I”, ressaltou o professor Mariano de Matos Macedo, da Universidade Federal do Paraná  (UFPR).

O professor apontou que as demandas de CT&I relativas ao processo de transição demográfica devem ser articuladas com o programa Nova Indústria Brasil, em particular com as iniciativas previstas em missões nos setores de saúde, infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade.

Mais notícias