Primeira reunião temática para a 5ª CNCTI acontece em São Paulo
Na terça-feira, dia 12 de dezembro, mais de 200 pessoas participaram do evento sobre ecossistemas de inovação.
Na terça-feira, dia 12 de dezembro, a Universidade de São Paulo (USP) sediou a primeira Reunião Temática para a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5ª CNCTI). Sob o tema “Ecossistemas de Inovação”, o encontro foi transmitido em tempo real e alcançou mais de 200 pessoas.
O evento reuniu personalidades da ciência, tecnologia e inovação (CT&I) no país. Dentre eles, Fernando Rizzo, diretor-presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e Anderson Gomes, secretário-adjunto da 5ª CNCTI. Também estiveram presentes gestores do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), representantes de universidades brasileiras e de instituições comprometidas com a agenda.
Organizado por Jorge Audy, superintendente de Inovação e Desenvolvimento da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e do Parque Científico e Tecnológico (Tecnopuc) e ex-presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), o evento serviu como um importante espaço de diálogo e reflexões de fomento à inovação no Brasil. “Nosso objetivo é identificar temas-chave que moldarão a agenda da 5ª CNCTI em 2024. Esse encontro é um passo crucial nessa jornada”, destacou Audy.
Os principais termos e palavras-chave da reunião foram: educação, sustentabilidade, neoindustrialização, pessoas, soluções e problemas reais. O encontro foi organizado em três painéis:
Painel 1 – A pós-graduação e os ecossistemas de inovação
Participantes:
- Romildo Toledo, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ);
- Adenilso Simão, USP;
- Helena Carasek, Universidade Federal de Goiás (UFG);
- Luiz Curi, Conselho Nacional de Educação (CNE);
- Moderador: Rodrigo Reis, Universidade Federal do Pará (UFPA)
O primeiro painel da reunião temática abordou a relação entre os ecossistemas de inovação (parques científicos/tecnológicos, hubs de inovação etc.) e a pesquisa de alto nível produzida no país, com foco na pós-graduação. Foi um espaço de discussão e reflexão sobre como aprimorar, induzir e ampliar a aproximação entre esses dois campos cuja colaboração e visão de impacto são essenciais para o desenvolvimento da ciência e o compartilhamento do conhecimento.
Painel 2 – Os ecossistemas de inovação, o fomento e o desenvolvimento local e nacional
Participantes:
- Chico Saboya, Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e Anprotec;
- Guilherme Calheiros, MCTI;
- Adalberto Val, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa);
- Ado Jorio, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG);
- Francilene Gracia, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG);
- Fabio Guedes, Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap);
- Moderador: Tony Chierighini, Celta / Fundação Certi
O segundo painel abordou os ecossistemas de inovação e o seu papel no desenvolvimento local e regional. Dessa reflexão, emergiu a importância da relação entre a inovação e o desenvolvimento não só econômico, mas, principalmente, social e ambiental. Para Audy, organizador do evento, “essa é uma reflexão essencial, que sinaliza para a responsabilidade que nós, no papel de gestores de ecossistemas de inovação, temos que ter com relação ao impacto social e com as missões que devem guiar os projetos e o uso das tecnologias”.
A importância das pessoas no impulsionamento da inovação foi um ponto forte da reflexão. “O desafio das cidades é serem competitivas. No passado, a competitividade girava em torno do acesso à água, às matérias-primas, da posição militar. Hoje, os fatores naturais têm menos relevância. O foco é a sua capacidade de inovar. E quem cria, quem inova, são as pessoas”, concluiu Chico Saboya, presidente da Embrapii e da Anprotec.
Guila Calheiros, secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI enfatizou a importância de vários atores atuarem em torno de uma agenda comum. “Um ecossistema de inovação é composto por instituições e pessoas, operando de forma dinâmica e fluida com agendas compartilhadas. Quando os atores desses sistemas – universidades, instituições de fomento, associações empresariais, governo e outros – têm uma agenda comum, eles compreendem melhor o seu papel e contribuem de forma mais efetiva para o desenvolvimento regional,” explicou.
Painel 3 – O futuro dos ecossistemas de inovação no Brasil
Participantes:
- Silvio Meira, Cesar / Porto Digital;
- Ary Plonski, USP;
- Ghissia Hauser, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS);
- Jorge Audy, PUC-RS;
- André Wongtschowski, World-Transforming Technologies (WTT);
- Gesil Segundo, Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (Fortec);
- Moderadora: Sheila Pires, MCTI
O terceiro painel abordou o tema do futuro dos ecossistemas no Brasil. Foram identificadas proposições importantes para a construção da temática para os próximos 5-10 anos. O tema da educação aflorou como destaque. “Nós construímos uma espécie de consenso sobre a necessidade de uma transformação na educação brasileira, desde os seus níveis iniciais até a educação pós-graduada, como fundamento para a construção de um ambiente propício à inovação”, destacou Audy.
O professor Ary Plonski, por sua vez, recordou a célebre frase de Arquimedes “Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio e levantarei o mundo” para destacar o papel dos ecossistemas de inovação. “Os ecossistemas contribuem sendo pontos de apoio. É o que faz mover, o que transforma os espaços e traz as mudanças de que precisamos”. O professor titular da USP falou, ainda, sobre a importância de se mover em direção a uma missão clara, objetiva e com capacidade de ser medida, usando exemplos das iniciativas estadunidenses de moonshot thinking, como o projeto de levar o homem à Lua e o recente cancer moonshot.
Em sua fala de encerramento, o professor Anderson concluiu que o encontro foi muito produtivo e cumpriu com a sua missão de reunir um conjunto de recomendações para a 5ª CNCTI. “Estou certo de que muita coisa ainda vai repercutir até lá”, afirmou.
O diretor-presidente, Fernando Rizzo, também avaliou como produtiva a reunião. “O encontro foi muito importante e positivo porque inaugurou as reuniões temáticas com a participação de pessoas-chaves na temática dos ecossistemas de inovação. A discussão gerou reflexões muito relevantes para a agenda da Conferência Nacional, inclusive a necessidade de incluir a Capes nessa pauta”, disse.
Além de favorecer o intercâmbio de conhecimento e reunir reflexões que vão pautar a conferência de junho, assim como os demais encontros preparatórios, esta primeira reunião temática será consolidada em um documento síntese. Além desse produto, a reunião gestou um novo encontro, dessa vez, na modalidade conferência livre, previsto para acontecer em janeiro, em Brasília.
A reunião temática sobre ecossistemas de inovação foi gravada e pode ser assistida aqui.
As reuniões temáticas fazem parte de um conjunto de eventos preparatórios para a 5ª CNCTI, que acontecerá em junho, em Brasília.
por Fernanda Oliveira